Para Sigmund Freud os sonhos não são produtos do acaso, ele foi o primeiro cientista a tentar explorar o segundo plano inconsciente da consciência, portanto ligados os pensamentos e problemas. Os sonhos são um modo de expressão, não apenas fantasias que temos todas as noites, possuem fortes significados. Freud e Breuer haviam reconhecido que os sintomas de neuróticos são igualmente simbólicos e que possuem expressões.

Por isso muitos dos problemas psicológicos são expressos pelo nosso corpo, no livro ‘O Homem e o Símbolo’ de Carl G. Jung alguns dos exemplos citados são do homem que vive uma situação intolerável e em seu corpo o meio de expressão pode ser os espasmos ao tentar engolir, portanto “não pode engolir tal situação”. Uma pessoa que não manifesta sua opinião em certas situações pessoais pode expressar a dificuldade por “não conseguir mais abrir a boca”. Estas e outras inúmeras manifestações físicas são derivações do inconsciente, que se manifestam com mais frequência pelos sonhos. Ainda neste livro, Jung aponta que “mas se o analista que se defronta com este material onírico usar a técnica de Freud da ‘livre associação’ vai perceber que os sonhos podem, eventualmente, ser reduzidos a certos esquemas básicos. Esta técnica teve uma importante função no desenvolvimento da psicanálise, pois permitiu que Freud usasse os sonhos como ponto de partida para a investigação dos problemas inconscientes do paciente”.

Para Freud se o analista encorajar o paciente a comentar seus sonhos ele acabaria por revelar os seus males, o fundo inconsciente. Sugerindo então que o paciente se entregaria, por mais fantasioso e irracional que suas ideias parecessem, mas desta forma não estaria mais reprimindo seus pensamentos e libertando muito do que está guardado. Mas Jung diz que “depois de algum tempo, comecei a sentir que esta maneira de utilizar a riqueza de fantasias que o inconsciente produz durante o nosso sono era, a um tempo, inadequado e ilusória”.

Certa vez conversando com um amigo que fez uma viagem pela Rússia, Jung analisou que ele havia alcançado seus “complexos” – conhecido pelos psicólogos como temas emocionais que estão reprimidos e são capazes de provocar distúrbios psicológicos. Isso aconteceu durante a divagação que seu amigo teve com o alfabeto russo presente em cada estação, ele não conhecia a língua e na busca para tentar entender acabou despertando assuntos incômodos, pensamentos que buscará esquecer, e de fato foram “esquecidos” mas de forma consciente. Foi neste momento que Jung percebeu que não necessariamente era preciso utilizar os sonhos para o processo de livre associação. “O sonho não vai ser neste particular mais ou menos útil do que qualquer outro ponto de partida que se tome”. Neste fluxo de pensamento Jung concluiu que a função dos sonhos era mais especial e significativa. “Comecei, pois, a considerar se não deveríamos prestar mais atenção à forma e ao conteúdo do sonho em vez de nos deixarmos conduzir pela livre associação de uma série de ideias para então chegar aos complexos, que poderiam ser facilmente atingidos também por outros meios”. A partir desse pensamento Jung desenvolve sua psicologia.